"O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica." - "Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria." 1Cor. 8:1,2

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Medíocres mensagens, grandes negócios.

"Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus." 2 Cor. 2:17 (NVI)
   
   Alguns homens possuem uma história de fazer cair o queixo. Uns eram pobres, muitos miseráveis, e até medingos. outros possuíam uma vida muito modesta. A necessidade aleatoriamente batia em suas portas.
    Certo dia receberam o chamado para o ministério da pregação. Começaram entusiasmados em dedicar somente toda a glória a Deus. Anseavam receber convites para pregar, mesmo que fosse naquela mais modesta congregação. Se contentavam com modestas ofertas, afinal, Deus quem os sustentavam.
     Mas o tempo passou...
     De tantos convites recebidos suas agendas lotaram. Era preciso selecionar os convites. Muitos criaram agências para contatos (nada contra). Era preciso colocar um preço pelo seu trabalho "pois digno é o obreiro do seu salário" (concordo).  O problema é: Quem paga mais? - Qual é a necessidade do consumidor? - Quais os temas que o "mercado" absorverá com mais facilidade? - O título desta mensagem desperta interesse pelo "produto"?
      Certa vez, quando eu era líder de jovens da minha igreja, tentei levar uma destas celebridades em nossa festa. Liguei para a central de agendamento deste pregador e rapidamente fui arguido sobre a quantidade de membros da minha igreja e qual seria a "oferta" que eu estaria disposto a "doar". Após 15 dias eu deveria retornar a ligação para saber se eu seria contemplado com a presença desta figura famosa. Eu confesso que fiquei escandalizado. Logo eu percebi o que estava acontecendo. Aquilo era um empreendimento, um leilão, um negócio.
     Talvez você que me lê já tenha passado por isso. Muitos homens fizeram da arte de pregar um negócio. Somente atendem um convite mediante um contrato previamente assinado e com um valor caução depositado. 
     Eu poderia citar o nome do "santo" mas serei discreto. Há pouco visitei o site de uma celebridade na pregação, um ex medingo que exigia uma caução como garantia de honrar o compromisso de pregar. Que loucura! diria o sábio, que profanação! diria o sacerdote, que pecado! diria o profeta.
     Agora eu lanço a pergunta que não quer calar:
É possível se enriquecer pregando o evangelho puro e simples? É claro que não. Desculpe-me por responder tão rapidamente e não esperar você pensar.
     Geralmente a solução para o negócio destas celebridades é o engano.
     O texto bíblico supra citado utiliza o termo grego kapeleúo que significa mercadejar, lucrar com um negócio.
     Conforme a Chave Linguística do Novo Testamento Grego (Vida Nova) esta palavra é usada na versão Septuaginta, em Is 1:22 para aqueles que misturam vinho com água a fim de enganar os compradores e aumentarem os lucros. Era também usada por Platão para condenar os pseudo-filósofos. Esta palavra também era utilizada nos papiros para um comerciante de vinho que queria se livrar de um mau estoque. Neste texto bíblico a palavra kapeleúo (mercadejar) refere-se aqueles que negociam com a Palavra de Deus para benefício próprio.
     Nesta geração corrompida e perversa (Fl 2:15) eu tenho a convicção de que não é possível ser sincero na pregação do Evangelho que confronta as atitudes pecaminosas e ainda assim lucrar. Tem que usar a criatividade, pois temas como eternidade, pecado, arrebatamento, tribulação, justificação, dentre outros não despertam muito interesse num público voltado para as coisas deste mundo (2Co 4:18).
     Quantas pessoas hoje estão feridas e decepcionadas com Deus. Se sentem lesadas. Aquilo que o pregador prometeu como se fosse de Deus não aconteceu. Estão com nojo do tal "evangelho". Foram enganadas por homens não enviados por Deus. Talvez no início de suas carreiras fossem fiéis, quem sabe?
     Se este foi o seu caso, saiba que o que você ouviu não foi o verdadeiro evangelho.     
      O verdadeiro evangelho do Reino de Deus liberta da ignorância espiritual (Jo 8:32), gera um novo homem (Jo 3:3), transforma o caráter (2 Co 5:17), salva de graça (Ef 2:5), fortalece diante da necessidade ou da fartura (Fl 4:13), livra da condenação eterna (Rm 8:1), torna-o mas do que vencedor diante das calamidades da vida (Rm 8:37), dentre outras.
     Ah! se o povo conhecesse as Escrituras, não haveria espaço para as medíocres mensagens, consequentemente os grandes negócios da fé faliriam.
    A propósito, se existem estas mensagens medíocres é porque também existem consumidores para o produto.
      Pb. Edilson Silva

quinta-feira, 14 de abril de 2011

É pecado julgar?

       Dizem por aí que julgar é pecado. Será mesmo?
     Outros respondem ferozmente aos seus críticos dizendo o mesmo. Utilizam-se até de um texto bíblico para corroborarem tal afirmação:
 "NÃO julgueis, para que não sejais julgados" (Mateus 7:1) 
    Então, vamos ao texto e ao seu contexto.
    Vale lembrar que o julgar do texto (gr. crivo ) significa censurar e criticar.
    O texto supra citado é continuidade do cap. 6, que à partir do vers. 19 nos orienta quanto a preocupação excessiva quanto aos tesouros terrenos. 
     Este cap. também nos alerta quanto aos nossos olhos no vers.22 e 23 (...se os teus olhos forem bons...se os teus olhos forem maus...)
     Isto quer dizer: olhos voltados apenas para as riquezas estão em trevas (v.23), tais olhos serão incapazes de ver claramente os assuntos da vida através da perspectiva divina. Resultado:  se tornarão escravos das riquezas (v.24). Este é o padrão mundano (1 Jo 2:16).
     Um coração mundano não consegue distinguir o valor de uma vida.
 "...Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mateus 6:25) .
    Fatalmente este coração utilizará um critério desumano e anti-cristão, baseado na hipocrisia cega e tirana de um julgamento.
" Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7:5)"ARA
     Por outro lado, se os nossos olhos forem bons e estiverem na luz (Mt 6:22), entenderemos que a vida vale mais do que as coisas materiais (Mt 6:25) e enxergaremos o contexto da verdade claramente (Mt 7:5b). 
 "...então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão". (Mt 7:5b) ARC
     Sendo assim amaremos o próximo, e as nossas distinções morais das coisas espirituais seriam como pérolas preservadas.
 "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem." (Mateus 7:6)ARA
     Então, se tirarmos a trave do nosso olho (mundanismo), poderemos cuidar em tirar o cisco do olho do nosso irmão, pois será um julgamento justo e baseado no amor a vida e consequentemente focalizado nos cuidados dos tesouros espirituais (Mt 6:20) .  
    Compreendeu? Aleluia!!! a própria Bíblia se explica. Esta explicação é um balde de água fria naqueles que cometem atrocidades com o Evangelho e se acham imunes as críticas.
     A propósito, a bíblia discorre sobre a necessidade de cristãos serem julgados por outros cristãos (1 Co 6:1-2), sobre a necessidade de julgarmos as coisas desta vida, e escatologicamente julgaremos o mundo e até os anjos (1 Co 6:2-3). Para isso deveremos ser sábios (olhos bons/espirituais/sem a trave do mundanismo) 1Co 6:5.
    Neste mesmo ínterim, nós que possuímos olhos espirituais também somos orientados a refutar as heresias que estão além ou aquém do verdadeiro Evangelho.

"... e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela. Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão." (Tito 1:9-10) NVI
        O mesmo Paulo que escreveu a Tito opôs-se a Pedro e o julga condenando-o (gr. kataginosko).
"Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável." (Gl 2:11) NVI
      Logo, julgar conforme o contexto acima não é pecado.  Devemos julgar baseado na Luz das Escrituras com o intuito de lutar pela pureza e pela simplicidade do Evangelho, amando o simples que compreendeu o falso como  certo e expondo os falsos mestres para que os ingênuos não caiam em suas ciladas.
     Creio que isto já é o suficiente para dirimir este conceito que se tornou até um mito entre muitos.
     Trocando em miúdos:
  • Sim, podemos julgar (censurar, criticar ou refutar);
  • Condição: somente se os nossos olhos forem bons e estiverem na luz , sem a trave do mundanismo, que valoriza mais as coisas do que as pessoas e o Reino de Deus (Mt 6:22-23);
  • Um olhar não mundano valoriza mais a justiça que o bonifica com tesouros espirituais (Mt 6:20);
  • Um olhar não mundano também valoriza mais o ser humano do que coisas (Mt 6:25b);
  • Logo, a censura ou crítica será justa e com a finalidade de clarear ou curar a visão do censurado ou criticado (retirar o cisco) Mt 7:5b.
            Pb. Edilson Silva

O que é sinceridade no púlpito?

      A palavra sincero advém do latim sincerus e significa um ser puro, não dissimulado, sem a intenção de enganar, autêntico e verdadeiro.
      Eu conheço pelo menos cinco contos sem respaldo documental que tentam explicar a etimologia desta palavra.
  1. Os artesãos romanos ao fabricarem vasos de barro, muitos rachavam-se e para esconder tais defeitos, era usando para tal uma cera especial. “Sine cera” queria dizer “sem cera”, que era a qualidade esperada de um vaso perfeito, muito fino, que deixava ver através de suas paredes aquilo que guardava dentro de si.
  2. Nos bailes de máscara frequentados pela nobreza, as máscaras eram feitas de cera, e quando um homem desejava conhecer uma mulher como ela realmente era, dizia-se que queria conhecê-la “sine cera”;
  3. Antigamente, nas vilas, os vendedores de mel, ao vender seu produto de porta em porta, diziam aos moradores que podiam confiar que o mel era puro, sem cera, pois o mel com cera era de qualidade inferior;
  4. Os ricos encomendavam estátuas e quando o artista errava, preenchia a falha com uma correção de cera. Os nobres percebiam esse artifício e ao encomendar a sua estátua queriam uma obra autêntica, verdadeira, sem falhas ou disfarces e “senza cera”, sem cera, ou seja, “sincera”;
  5. Na antiguidade, os vasos que eram transportados por grandes distâncias para serem comercializados muitas vezes se quebravam no caminho. Para não perder o material, os vendedores remendavam juntando as peças com cera. Os compradores eram assim enganados. Um produto verdadeiro era um produto sem cera ('sin cera').
      Estes contos nos ajudam a entender perfeitamente o que os dicionários nos ensinam. O primeiro conto nos fala sobre perfeição e transparência; o segundo nos remete a lembrança da personalidade real; o terceiro nos lembra a pureza e a qualidade; o quarto nos ensina sobre autenticidade e disfarce, e finalmente o quinto conto nos ilustra sobre o engano.
     Baseado no significado desta palavra, nas ilustrações supracitadas, e em minha experiência cristã desde o berço, eu concluo que há muita falta de sinceridade sobre  muitos púlpitos:
  • Vi e revi pregadores mascarados, que quando estão com o microfone na mão se comportam completamente diferente quando são ouvintes...;
  • Vi e revi pregadores pregando sermões de outros como se fossem seus...; 
  • Vi e revi pregadores preguiçosos, que não pesquisam o contexto dos textos e criam aberrações doutrinárias, e por meio das suas falácias colocam sobre os ombros dos ouvintes jugos pesados; 
  • Vi e revi pregadores se utilizando de versículos específicos para Israel no Milênio aplicando-os para o nosso contexto, violentando a interpretação e prometendo ao povo o que Deus não prometeu...;
  • Vi e revi interpretações sofríveis e maliciosas de textos bíblicos com o intuito de agradar a platéia...;
  • Vi e revi a utilização de textos bíblicos fora do contexto com a finalidade de retirar  o suado dinheiro do pobre e aflito ouvinte que anseia pela solução imediata de seus problemas...;
  • Vi e revi um "evangelho" não autêntico onde o deus é o dinheiro...;
  • Vi e revi a manipulação de auditórios marionetes por pregadores que estão mais interessados na resposta imediata e exteriorizada do público às suas mensagens do que na resposta reflexiva e comportamental provocada pelo Espírito Santo na vida diária...;
  •  Vi e revi pregadores sonhadores, que ao invés de ensinarem o povo a buscar a Paz que excede a todo o entendimento humano na hora da adversidade, ensinam soluções imediatistas, fórmulas mágicas, amuletos e sacrifícios de tolos;
  •  Vi e revi cristãos que nada conhecem sobre a Eternidade, vida após a morte, ressurreição,  justificação em Cristo, arrebatamento, santidade, pecado, galardão do crente, perdão ao próximo, amor a Deus, dentre outros, devido as mensagens dominicais e televisivas estarem focadas apenas em vitórias neste mundo temporal.
      O púlpito é um palco de onde se expõe uma verdade. O púlpito também é um móvel que serve de apoio para a abertura e a leitura da Bíblia. Aquele que está sobre ele se torna alvo das atenções. Muitos o olharão e crerão no que está sento dito.
       Será que em todos os púlpitos a Verdade tem sido pregada?
       Você leitor, amante da Palavra de Deus já percebeu que não é em todos os púlpitos que a Verdade é declarada?. Existem interesses obscuros, falta qualidade em alguns, há o engano, há meias verdades, não há transparência, alguns pregadores (vasos) estão emendados com cera, estão mascarados...
        Para que você não pense que todos os púlpitos estão num caos da mediocridade, eu também:
  • Vi e revi homens de Deus comprometidos com o Evangelho do Reino que liberta, salva e transforma, pregando todos os desígnios de Deus...;
  • Vi e revi honestidade e transparência na hora do recolhimento de ofertas...;
  • Vi e revi pessoas em prantos pela consciência dos seus atos pecaminosos logo após uma pregação;
  • Vi e revi pregadores que temem ir além do que já foi escrito nas Escrituras...;
  • Vi e revi pregações simples, de homens simples, mas cheios da unção do Espírito Santo...;
  • Vi e revi pregações cheias das profundidades teológicas, proferidas por homens sábios, mas também cheios da unção do Espírito Santo. 
       A questão é: O púlpito se torna sincero quando eu ou você estamos nele? Quando somos ouvintes, somos edificados por uma palavra sincera?
      Eu espero poder despertar em algumas pessoas um sentimento de zelo pela Verdadeira Pregação que nos leva a conhecer o Verdadeiro Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.

 "Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus." 2 Cor. 2:17 (NVI)
       
       Pb. Edilson Silva