"O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica." - "Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria." 1Cor. 8:1,2

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eu também choro ao ouvir um evangelho sem Cruz.

"Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo". Fl 3:18
     Eu não saberei ser preciso em elaborar agora uma lista na qual constariam as principais coisas ou acontecimentos que fizeram o apóstolo Paulo chorar. Neste momento eu tenho a certeza de uma delas, que é possível que seja a primeira da lista, caso fosse possível elaborá-la agora:

1. "A AUSÊNCIA DA CRUZ NA PREGAÇÃO DO EVANGELHO"

     O evangelho que não tem a Cruz como referência para um memorial e para um estilo de vida, não é o verdadeiro Evangelho; é um outro evangelho; é o "evangelho das coisas perecíveis".
     Num certo sábado do mês de junho deste ano (2011), eu tive a infelicidade de chorar; não porque chorar é ruim, muitas vezes é bom e necessário, mas chorei por não conseguir detectar a mensagem da cruz na pregação de um pregador famoso no Brasil e no exterior. Este, veio diretamente de Salvador para a minha cidade. Não houve nem ao menos uma subliminar ou indireta referência a Cruz nas praticamente duas horas de explanação.
     Eu sou apaixonado pela pregação, tanto para pregar quanto para ouvir. Eu vibro quando vejo um pregador respeitando o contexto histórico-cultural, a revelação progressiva e quando o mesmo não vai além ou aquém da revelação escrita. Se o tal for erudito, maravilha!, mas se o mesmo apresentar uma homilia simples, mas fiel aos desígnios de Deus revelado pelas Escrituras, também fico muito feliz. 
     O que me entristeceu foi a maneira absurda e antropocêntrica que o supracitado utilizou um texto bíblico para pregar a um auditório composto por mais de mil pessoas.  O que angustiou mais ainda a minha alma foi detectar que a maioria dos ouvintes vibravam com as "verdades reveladas" no púlpito.  Tomavam veneno pensando que era remédio. Eis aqui alguns princípios ensinados pelo famoso pregador (pregador X) a centenas de pessoas sedentas por um alimento espiritual:
  • "Querer ser mais famoso e melhor do que o seu próximo não é pecado !". Pregador X
     "Eliseu pediu a porção dobrada do espírito de Elias porque queria ter o dobro da sua fama."  disse o pregador baseado em 2 Reis 2:9.
       Refutação: Eliseu com este gesto jamais pensava em fama. No contexto histórico a fama como profeta de Deus estava diretamente proporcional ao risco de se ter a cabeça decepada.  O que Eliseu realmente queria era um poder maior de ousadia que o ajudaria a enfrentar o poder satânico que estava por trás do trono de Israel. Ele sabia que a porção dobrada do espírito de Elias o ajudaria a completar a sua missão e a salvar a sua pele. O contexto bíblico ainda revela que marketing pessoal e ganância não eram  princípios do profeta Eliseu. Vejam como ele tratou o general Naamã e como recusou o seu presente pelo serviço prestado. (2 Rs 5).
      Foi torturante ouvir o tal pregador ensinando ao povo meios de "passar a perna" nos outros e zombar da simplicidade dos humildes.


Remédio cristão para este tópico baseado na mensagem da Cruz de Cristo:
 "Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!" Fl 2:3,5-8
  • "Você também pode profetizar o que deseja que aconteça !" pregador X.
     
     Refutação: Naquele momento o tal pregador anunciou que revelaria algo especial que poucos sabiam: "_Nós temos autoridade para profetizar o que nós desejamos". Ele ilustrou uma experiência pessoal na qual tocou sobre um automóvel de luxo e "profetizou" que o objeto lhe pertenceria. Isto não seria cobiça? Na hora eu me lembrei de uma outra mensagem de sua autoria na qual ele afirmou que entrou numa loja e profetizou a falência do dono daquele estabelecimento para enfim, comprá-lo. Que coisa terrível! Utilizar um fato em que Eliseu amaldiçoa alguns zombadores para ensinar ao povo uma doutrina irresponsável e antibíblica é loucura.

Remédio cristão para este tópico baseado na mensagem da Cruz de Cristo:
"Nem todos são profetas" 1Co 12:29
"Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo." 2Pe 1:20-21
 O objetivo especial da profecia:
"Mas se entrar algum descrente ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os segredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus, exclamando: "Deus realmente está entre vocês!" 1Cor 14:24-25 NVI
  • "Eliseu retornou para Suném cabisbaixo porque o Senhor ainda não o havia recompensado com a fama !" pregador X
      O pregador X também ensinou baseado em 2 Rs 4:8-10 que o motivo da passagem do profeta em questão por Suném era a falta de reconhecimento que o mesmo padecia em seu ministério. O mesmo categoricamente alegoriza e correlaciona os seguintes objetos conf. o texto como uma mensagem de Deus ao profeta "desfalecido": cama (descanso para esperar a fama chegar), mesa (provisão), cadeira (exaltação na posição pretendida) e candeeiro (Espírito Santo). A minha náusea aumentou quando o mesmo disse a todos que poderiam também descansar, pois o Senhor estava preparando uma cadeira para a exaltação de cada indivíduo presente. Muitos foram ao delírio.

     
      Refutação: Um dedicado estudioso da Bíblia sabe que não se pode alegorizar todas as coisas, e também está atento ao contexto imediato e remoto.
      O profeta Eliseu já havia anteriormente sido um tremendo instrumento nas mãos de Deus para agir na campanha de Jorão e Josafá contra Moabe e para ajudar uma viúva (2Rs 3;4:1-7).  É um paradoxo conciliar um profeta fracassado com o contexto.
     Alegorizar simples utensílios básicos de um quarto é violentar todo um contexto para insuflar o ego dos indefesos ouvintes. A essência era a exaltação humana a uma posição cobiçada, ao invés dos adoradores exaltarem o nome do Senhor.

Remédio cristão para este tópico baseado na mensagem da Cruz de Cristo:
"... agora também digo chorando ...que são inimigos da cruz de Cristo. ...o seu deus é o estômago e cuja glória é para confusão deles; eles só pensam nas coisas terrenas.
Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo." Fl 3:18-20 ACF
     Klaíon é o verbo grego traduzido por "chorando" e que significa clamar em voz alta (cf. Chave Linguística do Novo Testamento Grego - pg.414 - ed. Vida Nova ), numa ênfase a uma profunda tristeza sentida pelo apóstolo por ocasião da degradação do Puro Evangelho pelos falsos pregadores.        A mesma Chave Linguística define o grego Koilía como "estômago" - termo genérico para incluir tudo que pertence essencialmente à vida material, corporal e que, portanto, perecerá inevitavelmente.  
     Ora, o texto bíblico está claramente definindo os pregadores do evangelho das coisas perecíveis como servos do deus "estômago", e não do Deus da Cruz. Estes jamais irão ensinar o povo sobre a cidadania celestial e sobre a esperança da vinda do Senhor (Fl 3:20). Os tais também saberão escolher as palavras adequadas distorcendo os textos bíblicos para iludir os ouvintes; são inimigos da cruz de Cristo:
"Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios estômagos. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam os corações dos ingênuos." Rm 16:18
     Eulogía é a palavra grega no versículo acima para definir "bajulação". São palavras bem escolhidas - mas falsas; é a falsa eloquência através de palavras de louvor que agradam ao auditório, e como agradam...
      Como você imagina a minha pessoa assentada numa poltrona ouvindo sobre estes tópicos e muito mais? Foram sucessivas náuseas emocionais e espirituais. Até mesmo pensei que estava me tornando num "monstro". Comecei a aborrecer o dia em que comecei a perscrutar as Verdades bíblicas; era melhor nada saber e fazer parte do todo da platéia. Fui embora antes do término. A mensagem não me edificou, e sim me desmoronou. Deus é testemunha quando em pensamentos odiei o meu pouco conhecimento. Eu passava naquele momento a me rotular como um "chato" e exigente em excesso. Comecei a "viajar" mentalmente pela revelação progressiva da Bíblia de Gênesis a Apocalípse e não encontrava fundamento para tanta discrepância teológica do pregador X. Aquela noite de sábado foi massacrante para mim. Eu acredito que para muitos outros cristãos também. O meu lanche noturno se tornou insípido. A minha alma chorou e a minha esposa percebeu a perturbação em minha face. Enfim, como filho de Deus dormi - já era início do domingo.
       Mas, nada melhor como um dia após o outro, assim diz o ditado.
     Após uma estafante noite sabatina, e um belo dia de domingo, eu pude experimentar a ressurreição das minhas convicções e dos meus moderados conhecimentos bíblicos.
      Naquela noite de domingo fui ao culto ansioso pela Palavra. Eu já desconfiava que coisa boa viria, pois o tal famoso pregador X havia partido. O  pregador em questão era o pastor Antônio Rocha. O texto áureo foi:

"Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça." Rm 1:16-18
     Eu confesso que logo na leitura deste texto os meus olhos lacrimejaram; enfim, o Evangelho da Cruz seria pregado. Eu tentei disfarçar ao máximo a minha emoção. O pregador discorreu categoricamento sobre o poder de Deus pelo evangelho de Cristo. O mesmo não deixou de falar sobre o escândalo da cruz para os judeus e sobre a loucura da mesma cruz para os gregos. Para mim, o clímax da homilia foi a seguinte declaração:
"Pelo Evangelho de Cristo há poder para salvação da alma, da família, das finanças e da saúde" 
      Após o convite (sem apelação) aos incrédulos para a aceitação do Evangelho da Cruz, eu presenciei dezenas de pessoas se rendendo chorando aos pés de Cristo.  Não passou imune dos meus olhos um rapaz parrudo, chorando como criança, sendo conduzido ao púlpito por sua emocionada e exultante esposa. Eu também derramei lágrimas naquele momento, e ao relatar isto, novamente me emociono.
      A minha alma chorou de tristeza no sábado, ao ouvir um evangelho das coisas perecíveis; mas a minha alma também chorou no domingo, mas agora de exultação, ao ouvir a mensagem da Cruz adicionada a uma homilia.  Foi inevitável a minha subida ao púlpito para felicitar o pregador pela homilia apresentada.
      É possível pregar todos os desígnios de Deus e manter o evangelho da Cruz adicionado a prédica. A Cruz é a essência da santidade na piedade cristã e o altar-memorial eterno do sacrifício vicário (Fp 2:8) . Pela Cruz fomos reconciliados com Deus (Ef 2:16). Nela nos tornamos abnegados em todas as coisas ou negócios (Mt 16:24). Por outro lado, para os que estão perecendo, a Cruz é uma loucura para o sistema corrompido, mas para nós ela é o poder de Deus (1 Cor. 1:18).
      Muitos pregadores desejam causar uma boa impressão exteriormente, esvaziando os seus sermões da responsabilidade do discípulo em carregar a sua cruz e da glória que isto significa. Isto gera um subcristianismo.
     Alguém disse certa vez que o maior inimigo do cristianismo não é o Diabo, nem o sistema corrupto, nem tampouco os perseguidores algozes, mas sim o subcristianismo.  Ele degrada, degenera, desestrutura, infecta e mata o indivíduo pela retenção do puro alimento da Verdade.
     Para terminar, afirmo e reafirmo que eu não vou desistir de pregar a mensagem da Cruz.  Eu também sei que não estou sozinho, pois muitos estão aptos a não negarem o verdadeiro evangelho, mesmo debaixo das perseguições. O evangelho da Cruz para mim é inegociável e  incontaminável em sua pureza e simplicidade.
     Que Deus nos ajude a sermos despenseiros fiéis da revelação da Verdade.


     Pb. Edilson Silva

quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Determine, mande, exija a sua bênção!" Isto é bíblico?

     Será que nós temos o direito legal de exigir que a bênção se manifeste em nossa vida?
    Segundo o missionário RR Soares em seu livro "Como tomar posse da bênção" - ed. Graça, nós não precisamos pedir ao Senhor a bênção, mas exigir que ela se manifeste em nossa vida.  Conforme o supracitado, a bênção já é nossa, simplesmente não devemos deixar que o diabo fique com aquilo que nos pertence (pg.17).
   Nesta mesma obra, o missionário afirma no cap.3 - pg.19 que o cristão não precisa ficar orando, suplicando ao Senhor que o cure ou lhe dê sucesso, prosperidade ou vitória sobre as tentações. "Tudo o que tem a fazer é exigir que o mal saia da sua vida, determinando...orar pedindo a cura é desnecessário, pois ela já nos foi concedida". Os textos bíblicos utilizados até o cap.3 são:
"E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho." (João 14:13) 
"Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude" (II Pedro 1:3) 
     Analisando o primeiro texto bíblico acima, o livro ensina que o verbo pedir foi mal traduzido. Segundo esta obra (pg.17), este verbo deveria ser traduzido por determinar, exigir, mandar (gr. sozo). É neste ponto que começa o grande problema doutrinário.
     Contrariando o ensino do digníssimo missionário, o verbo grego utilizado no Evangelho não é sozo, mas aiteo (pedir) - aitesete (pedirdes).
     O Léxico do Novo Testamento Grego-português de F. Wilbur Gingrich, ed. Vida Nova - 2007, define aiteo na totalidade das citações como pedir, solicitar e requerer. 
     Conforme a Concordância Fiel do Novo Testamento - ed. Fiel, 1ª ed.1994 - o verbo aiteo é utilizado cerca de 68 vezes. Dentre estas citações, destaco as seguintes:
"E qualquer coisa que lhe pedirmos (gr. aitomem), dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista." 1Jo 3:22 ACF - adição minha.
     Este texto deixa claro um pedido a um superior, que neste caso é Jesus . O texto nos ensina que Dele receberemos. A idéia é contrária de termos que tomar do Diabo. A posição do pedinte é de submissão pela obediência aos mandamentos. Outra citação é esta: 
"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos (gr. aitometha) alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.
E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos (gr. aitometha), sabemos que alcançamos as petições (gr. aitemata) que lhe fizemos." 1Jo 5:14-15 ACF - adições minhas.
     Além deste texto nos mostrar que a raiz da palavra advém do verbo grego aiteo, também está implícito na idéia do autor a confiança em Alguém superior, na vontade Dele, e na convicção da audição de nossas súplicas. Começou a perceber como a Biblia nos ensina diferente da idéia do livro "Como tomar posse da bênção"?

     Agora vamos discorrer sobre o segundo texto utilizado por RR Soares até o cap.3 da sua obra:
"Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude" (II Pedro 1:3) 
     O respeitado pregador supracitado afirma baseado neste texto que Deus já nos deu tudo o que nos diz respeito a vida. A sua idéia é que não precisamos recorrer ao Senhor suplicando pelas suas bênçãos. Somente devemos determinar, exigir e tomar posse da bênção (pg.20).
     A princípio já podemos detectar uma contradição desta idéia com o texto da 1ªJo 5:14-15 que já foi explanado.  Agora, o que o Apóstolo Pedro nos quer ensinar dizendo que o divino poder de Jesus nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade?. Somente entenderemos o texto se examinarmos todo o contexto desta sua 2ª carta. Vejamos:
  • É notório que a preocupação do Apóstolo era com a perseverança dos salvos na fé.
"Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis." 2Pe 3:14
"Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam." 2Pe 3:17 grifos meus.
  • A perseverança dos santos estava ameaçada pelo surgimento dos falsos pregadores entre eles.
"Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade.
Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda." 2Pe 2:2,3
"Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos!" 2Pe 2:14 grifos meus.
  • Tudo que os santos precisam para a vida a fim de suportarem os falsos ensinos são adições de atributos explícitos logo após o versículo supracitado pelo missionário. São eles: fé, virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e o amor (2Pe 1:5-7).
  • De posse destas coisas, os salvos serão operantes e produtivos no Reino de Deus, consolidando a eleição que receberam e jamais tropeçarão.
"Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos.
Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão,
e assim vocês estarão ricamente providos quando entrarem no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2Pe 1:8-10,11
      Viram como o texto de 2Pe 1:3 nada diz respeito a coisas materiais ou curas corporais? O contexto da Carta explica o versículo.
    A obra do missionário nos ensina que as coisas materiais estão a nossa disposição, é somente determinarmos e exigirmos. Quanta contradição com as Escrituras. A fórmula bíblica continua sendo a petição ao Senhor pela oração suplicante e dependente da vontado Dele.
    Na convicção de que a Bíblia Sagrada é o peso fiel da balança, a obra literária do missionário fica devendo em peso doutrinário na equiparação. Creio eu que toda obra literária deve ser respeitada, assim como a pessoa do autor e o seu ministério, mas a fidelidade bíblica sempre estará acima de qualquer idéia ou experiência pragmática.

Pb. Edilson Silva.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Medíocres mensagens, grandes negócios.

"Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus." 2 Cor. 2:17 (NVI)
   
   Alguns homens possuem uma história de fazer cair o queixo. Uns eram pobres, muitos miseráveis, e até medingos. outros possuíam uma vida muito modesta. A necessidade aleatoriamente batia em suas portas.
    Certo dia receberam o chamado para o ministério da pregação. Começaram entusiasmados em dedicar somente toda a glória a Deus. Anseavam receber convites para pregar, mesmo que fosse naquela mais modesta congregação. Se contentavam com modestas ofertas, afinal, Deus quem os sustentavam.
     Mas o tempo passou...
     De tantos convites recebidos suas agendas lotaram. Era preciso selecionar os convites. Muitos criaram agências para contatos (nada contra). Era preciso colocar um preço pelo seu trabalho "pois digno é o obreiro do seu salário" (concordo).  O problema é: Quem paga mais? - Qual é a necessidade do consumidor? - Quais os temas que o "mercado" absorverá com mais facilidade? - O título desta mensagem desperta interesse pelo "produto"?
      Certa vez, quando eu era líder de jovens da minha igreja, tentei levar uma destas celebridades em nossa festa. Liguei para a central de agendamento deste pregador e rapidamente fui arguido sobre a quantidade de membros da minha igreja e qual seria a "oferta" que eu estaria disposto a "doar". Após 15 dias eu deveria retornar a ligação para saber se eu seria contemplado com a presença desta figura famosa. Eu confesso que fiquei escandalizado. Logo eu percebi o que estava acontecendo. Aquilo era um empreendimento, um leilão, um negócio.
     Talvez você que me lê já tenha passado por isso. Muitos homens fizeram da arte de pregar um negócio. Somente atendem um convite mediante um contrato previamente assinado e com um valor caução depositado. 
     Eu poderia citar o nome do "santo" mas serei discreto. Há pouco visitei o site de uma celebridade na pregação, um ex medingo que exigia uma caução como garantia de honrar o compromisso de pregar. Que loucura! diria o sábio, que profanação! diria o sacerdote, que pecado! diria o profeta.
     Agora eu lanço a pergunta que não quer calar:
É possível se enriquecer pregando o evangelho puro e simples? É claro que não. Desculpe-me por responder tão rapidamente e não esperar você pensar.
     Geralmente a solução para o negócio destas celebridades é o engano.
     O texto bíblico supra citado utiliza o termo grego kapeleúo que significa mercadejar, lucrar com um negócio.
     Conforme a Chave Linguística do Novo Testamento Grego (Vida Nova) esta palavra é usada na versão Septuaginta, em Is 1:22 para aqueles que misturam vinho com água a fim de enganar os compradores e aumentarem os lucros. Era também usada por Platão para condenar os pseudo-filósofos. Esta palavra também era utilizada nos papiros para um comerciante de vinho que queria se livrar de um mau estoque. Neste texto bíblico a palavra kapeleúo (mercadejar) refere-se aqueles que negociam com a Palavra de Deus para benefício próprio.
     Nesta geração corrompida e perversa (Fl 2:15) eu tenho a convicção de que não é possível ser sincero na pregação do Evangelho que confronta as atitudes pecaminosas e ainda assim lucrar. Tem que usar a criatividade, pois temas como eternidade, pecado, arrebatamento, tribulação, justificação, dentre outros não despertam muito interesse num público voltado para as coisas deste mundo (2Co 4:18).
     Quantas pessoas hoje estão feridas e decepcionadas com Deus. Se sentem lesadas. Aquilo que o pregador prometeu como se fosse de Deus não aconteceu. Estão com nojo do tal "evangelho". Foram enganadas por homens não enviados por Deus. Talvez no início de suas carreiras fossem fiéis, quem sabe?
     Se este foi o seu caso, saiba que o que você ouviu não foi o verdadeiro evangelho.     
      O verdadeiro evangelho do Reino de Deus liberta da ignorância espiritual (Jo 8:32), gera um novo homem (Jo 3:3), transforma o caráter (2 Co 5:17), salva de graça (Ef 2:5), fortalece diante da necessidade ou da fartura (Fl 4:13), livra da condenação eterna (Rm 8:1), torna-o mas do que vencedor diante das calamidades da vida (Rm 8:37), dentre outras.
     Ah! se o povo conhecesse as Escrituras, não haveria espaço para as medíocres mensagens, consequentemente os grandes negócios da fé faliriam.
    A propósito, se existem estas mensagens medíocres é porque também existem consumidores para o produto.
      Pb. Edilson Silva

quinta-feira, 14 de abril de 2011

É pecado julgar?

       Dizem por aí que julgar é pecado. Será mesmo?
     Outros respondem ferozmente aos seus críticos dizendo o mesmo. Utilizam-se até de um texto bíblico para corroborarem tal afirmação:
 "NÃO julgueis, para que não sejais julgados" (Mateus 7:1) 
    Então, vamos ao texto e ao seu contexto.
    Vale lembrar que o julgar do texto (gr. crivo ) significa censurar e criticar.
    O texto supra citado é continuidade do cap. 6, que à partir do vers. 19 nos orienta quanto a preocupação excessiva quanto aos tesouros terrenos. 
     Este cap. também nos alerta quanto aos nossos olhos no vers.22 e 23 (...se os teus olhos forem bons...se os teus olhos forem maus...)
     Isto quer dizer: olhos voltados apenas para as riquezas estão em trevas (v.23), tais olhos serão incapazes de ver claramente os assuntos da vida através da perspectiva divina. Resultado:  se tornarão escravos das riquezas (v.24). Este é o padrão mundano (1 Jo 2:16).
     Um coração mundano não consegue distinguir o valor de uma vida.
 "...Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mateus 6:25) .
    Fatalmente este coração utilizará um critério desumano e anti-cristão, baseado na hipocrisia cega e tirana de um julgamento.
" Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7:5)"ARA
     Por outro lado, se os nossos olhos forem bons e estiverem na luz (Mt 6:22), entenderemos que a vida vale mais do que as coisas materiais (Mt 6:25) e enxergaremos o contexto da verdade claramente (Mt 7:5b). 
 "...então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão". (Mt 7:5b) ARC
     Sendo assim amaremos o próximo, e as nossas distinções morais das coisas espirituais seriam como pérolas preservadas.
 "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem." (Mateus 7:6)ARA
     Então, se tirarmos a trave do nosso olho (mundanismo), poderemos cuidar em tirar o cisco do olho do nosso irmão, pois será um julgamento justo e baseado no amor a vida e consequentemente focalizado nos cuidados dos tesouros espirituais (Mt 6:20) .  
    Compreendeu? Aleluia!!! a própria Bíblia se explica. Esta explicação é um balde de água fria naqueles que cometem atrocidades com o Evangelho e se acham imunes as críticas.
     A propósito, a bíblia discorre sobre a necessidade de cristãos serem julgados por outros cristãos (1 Co 6:1-2), sobre a necessidade de julgarmos as coisas desta vida, e escatologicamente julgaremos o mundo e até os anjos (1 Co 6:2-3). Para isso deveremos ser sábios (olhos bons/espirituais/sem a trave do mundanismo) 1Co 6:5.
    Neste mesmo ínterim, nós que possuímos olhos espirituais também somos orientados a refutar as heresias que estão além ou aquém do verdadeiro Evangelho.

"... e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela. Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão." (Tito 1:9-10) NVI
        O mesmo Paulo que escreveu a Tito opôs-se a Pedro e o julga condenando-o (gr. kataginosko).
"Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável." (Gl 2:11) NVI
      Logo, julgar conforme o contexto acima não é pecado.  Devemos julgar baseado na Luz das Escrituras com o intuito de lutar pela pureza e pela simplicidade do Evangelho, amando o simples que compreendeu o falso como  certo e expondo os falsos mestres para que os ingênuos não caiam em suas ciladas.
     Creio que isto já é o suficiente para dirimir este conceito que se tornou até um mito entre muitos.
     Trocando em miúdos:
  • Sim, podemos julgar (censurar, criticar ou refutar);
  • Condição: somente se os nossos olhos forem bons e estiverem na luz , sem a trave do mundanismo, que valoriza mais as coisas do que as pessoas e o Reino de Deus (Mt 6:22-23);
  • Um olhar não mundano valoriza mais a justiça que o bonifica com tesouros espirituais (Mt 6:20);
  • Um olhar não mundano também valoriza mais o ser humano do que coisas (Mt 6:25b);
  • Logo, a censura ou crítica será justa e com a finalidade de clarear ou curar a visão do censurado ou criticado (retirar o cisco) Mt 7:5b.
            Pb. Edilson Silva

O que é sinceridade no púlpito?

      A palavra sincero advém do latim sincerus e significa um ser puro, não dissimulado, sem a intenção de enganar, autêntico e verdadeiro.
      Eu conheço pelo menos cinco contos sem respaldo documental que tentam explicar a etimologia desta palavra.
  1. Os artesãos romanos ao fabricarem vasos de barro, muitos rachavam-se e para esconder tais defeitos, era usando para tal uma cera especial. “Sine cera” queria dizer “sem cera”, que era a qualidade esperada de um vaso perfeito, muito fino, que deixava ver através de suas paredes aquilo que guardava dentro de si.
  2. Nos bailes de máscara frequentados pela nobreza, as máscaras eram feitas de cera, e quando um homem desejava conhecer uma mulher como ela realmente era, dizia-se que queria conhecê-la “sine cera”;
  3. Antigamente, nas vilas, os vendedores de mel, ao vender seu produto de porta em porta, diziam aos moradores que podiam confiar que o mel era puro, sem cera, pois o mel com cera era de qualidade inferior;
  4. Os ricos encomendavam estátuas e quando o artista errava, preenchia a falha com uma correção de cera. Os nobres percebiam esse artifício e ao encomendar a sua estátua queriam uma obra autêntica, verdadeira, sem falhas ou disfarces e “senza cera”, sem cera, ou seja, “sincera”;
  5. Na antiguidade, os vasos que eram transportados por grandes distâncias para serem comercializados muitas vezes se quebravam no caminho. Para não perder o material, os vendedores remendavam juntando as peças com cera. Os compradores eram assim enganados. Um produto verdadeiro era um produto sem cera ('sin cera').
      Estes contos nos ajudam a entender perfeitamente o que os dicionários nos ensinam. O primeiro conto nos fala sobre perfeição e transparência; o segundo nos remete a lembrança da personalidade real; o terceiro nos lembra a pureza e a qualidade; o quarto nos ensina sobre autenticidade e disfarce, e finalmente o quinto conto nos ilustra sobre o engano.
     Baseado no significado desta palavra, nas ilustrações supracitadas, e em minha experiência cristã desde o berço, eu concluo que há muita falta de sinceridade sobre  muitos púlpitos:
  • Vi e revi pregadores mascarados, que quando estão com o microfone na mão se comportam completamente diferente quando são ouvintes...;
  • Vi e revi pregadores pregando sermões de outros como se fossem seus...; 
  • Vi e revi pregadores preguiçosos, que não pesquisam o contexto dos textos e criam aberrações doutrinárias, e por meio das suas falácias colocam sobre os ombros dos ouvintes jugos pesados; 
  • Vi e revi pregadores se utilizando de versículos específicos para Israel no Milênio aplicando-os para o nosso contexto, violentando a interpretação e prometendo ao povo o que Deus não prometeu...;
  • Vi e revi interpretações sofríveis e maliciosas de textos bíblicos com o intuito de agradar a platéia...;
  • Vi e revi a utilização de textos bíblicos fora do contexto com a finalidade de retirar  o suado dinheiro do pobre e aflito ouvinte que anseia pela solução imediata de seus problemas...;
  • Vi e revi um "evangelho" não autêntico onde o deus é o dinheiro...;
  • Vi e revi a manipulação de auditórios marionetes por pregadores que estão mais interessados na resposta imediata e exteriorizada do público às suas mensagens do que na resposta reflexiva e comportamental provocada pelo Espírito Santo na vida diária...;
  •  Vi e revi pregadores sonhadores, que ao invés de ensinarem o povo a buscar a Paz que excede a todo o entendimento humano na hora da adversidade, ensinam soluções imediatistas, fórmulas mágicas, amuletos e sacrifícios de tolos;
  •  Vi e revi cristãos que nada conhecem sobre a Eternidade, vida após a morte, ressurreição,  justificação em Cristo, arrebatamento, santidade, pecado, galardão do crente, perdão ao próximo, amor a Deus, dentre outros, devido as mensagens dominicais e televisivas estarem focadas apenas em vitórias neste mundo temporal.
      O púlpito é um palco de onde se expõe uma verdade. O púlpito também é um móvel que serve de apoio para a abertura e a leitura da Bíblia. Aquele que está sobre ele se torna alvo das atenções. Muitos o olharão e crerão no que está sento dito.
       Será que em todos os púlpitos a Verdade tem sido pregada?
       Você leitor, amante da Palavra de Deus já percebeu que não é em todos os púlpitos que a Verdade é declarada?. Existem interesses obscuros, falta qualidade em alguns, há o engano, há meias verdades, não há transparência, alguns pregadores (vasos) estão emendados com cera, estão mascarados...
        Para que você não pense que todos os púlpitos estão num caos da mediocridade, eu também:
  • Vi e revi homens de Deus comprometidos com o Evangelho do Reino que liberta, salva e transforma, pregando todos os desígnios de Deus...;
  • Vi e revi honestidade e transparência na hora do recolhimento de ofertas...;
  • Vi e revi pessoas em prantos pela consciência dos seus atos pecaminosos logo após uma pregação;
  • Vi e revi pregadores que temem ir além do que já foi escrito nas Escrituras...;
  • Vi e revi pregações simples, de homens simples, mas cheios da unção do Espírito Santo...;
  • Vi e revi pregações cheias das profundidades teológicas, proferidas por homens sábios, mas também cheios da unção do Espírito Santo. 
       A questão é: O púlpito se torna sincero quando eu ou você estamos nele? Quando somos ouvintes, somos edificados por uma palavra sincera?
      Eu espero poder despertar em algumas pessoas um sentimento de zelo pela Verdadeira Pregação que nos leva a conhecer o Verdadeiro Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.

 "Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus." 2 Cor. 2:17 (NVI)
       
       Pb. Edilson Silva